Na Cidade Eterna

03-12-2021

NA CIDADE ETERNA
Logo depois do noviciado, Frei Maximiliano foi enviado ao seminário seráfico de Cracóvia, para dar continuidade aos estudos médios. Após um ano de estudo, um dia, o Pe. Provincial chamou-o e apresentou-lhe a seguinte escolha: “Preferes continuar os estudos aqui na Polônia ou em Roma, no Colégio Internacional, para conseguires a licenciatura em filosofia e teologia?”. A resposta foi imediata: “Por causa da minha saúde um tanto delicada preferia estudar na Polônia, em vez de enfrentar estudos difíceis de licenciatura nas Faculdades romanas”. Uma resposta bem surpreendente quando pensamos no amor para com a Igreja e o Papa que Frei Maximiliano tinha.
De fato, embora a razão alegada pelo jovem Maximiliano fosse verdadeira, o motivo principal era outro: nos seminários poloneses se falava muito do anticlericalismo difundido pelas ideias socialistas e maçônicas na Cidade Eterna, em particular depois da unificação da Itália. A unidade do país, mesmo esperada por muitos, não foi uma vantagem para os mais pobres, pois a difusão das ideias liberais e capitalistas jogaram a maioria do povo, particularmente os trabalhadores rurais e os pequenos artesãos, em grandes dificuldades, até à pobreza, por causa de taxas governativas que antes não existiam, causando assim o aumento do desemprego.
Por seu lado, a Igreja, despojada de suas propriedades, que eram confiadas aos agricultores que viviam dignamente por conta disso, relativamente naquele tempo, via agora estas propriedades usurpadas e colocadas à venda pelo Estado italiano, não havendo mais como aliviar a situação de miséria de muitos. Esta é a razão do desespero que levou muitas famílias, e até mesmo aldeias inteiras, a deixarem a pátria e migrar para o exterior, em particular para a América. Entre aqueles que ficaram na Itália as ideias socialistas e até mesmo anárquicas poluíram seu pensamento e o jeito de viver.
De qualquer modo, por uma ou outra razão, Roma era considerada pelos clérigos poloneses uma cidade “perigosa”, em particular no aspecto moral.
Diante disso, o Padre Provincial tentou convencer Frei Maximiliano a não recusar Roma, mas não conseguiu seu objetivo, e por isso apagou o nome dele da lista dos frades destinados à Cidade Eterna.
Mas naquela mesma noite Frei Maximiliano não conseguiu dormir. Remoía em sua mente a dúvida de não ter abraçado a “perfeita obediência” exigida de um frade franciscano, com que vive de fato a “pequenez” evangélica tão grata a Deus. Na manhã seguinte frei Maximiliano dirigiu-se logo ao superior, dizendo-lhe: “Padre, ontem lhe manifestei o meu desejo pessoal e estou arrependido por tê-lo feito da forma que fiz, segundo meu gosto pessoal. Agora peço-lhe: faça de mim o que quiser, pois eu quero apenas obedecer”.
“Pois bem… irás para Roma”, afirmou sorridente o padre Provincial, e novamente acrescentou o nome de Frei Maximiliano a lista dos outros nomes.
Roma esperava frei Maximiliano porque era vontade de Deus que no centro do catolicismo pudesse iniciar uma obra destinada ao bem de milhões de almas.